quarta-feira, 29 de julho de 2015

Chegaram! Novo estoque de válvulas NOS RCA 12AX7A!

Amigos,

Acabamos de receber 40 unidades da válvula RCA 12AX7A, especiais para áudio. Baixo ruído e baixa microfonia! Excelentes para quem estava aguardando a oportunidade para trocar suas válvulas por NOS.

Estas dão de mil a zero em qualquer válvula russa moderna, quem conhece as válvulas NOS sabe! As RCA são válvulas Premium de altíssima qualidade.



terça-feira, 28 de julho de 2015

Testador Militar de Válvulas TV-2/U

Olá meus amigos! Este post será muito interessante para aqueles apaixonados por equipamentos de teste antigos.

Chegou à Regence Áudio para restauração um testador de válvulas militar TV-2! Vou começar falando um pouco sobre testadores, para aqueles que não conhecem nada do assunto.

Existem, de maneira resumida, dois tipos de testadores: aqueles que medem emissão e aqueles que medem transcondutância. Os testadores que medem emissão são bastante básicos e muito pouco úteis para o teste de válvulas de áudio. Na realidade, os testadores de emissão são pouco úteis para o teste de qualquer válvula, pois usam tensões baixas em sua maioria e realizam um teste muito rudimentar. Já os testadores por transcondutância testam a válvula em condições mais próximas de sua operação real, além de medirem diretamente a grandeza mais importante da válvula: sua capacidade de saída de corrente dada uma variação de tensão em sua entrada. Testadores militares foram produzidos para uso em campo de batalha, são extremamente robustos e bem construídos, sendo que os modelos se iniciam com as letras TV para os modelos americanos. Um dos mais comuns é o TV-7 (o qual usamos diariamente para medição de nossas válvulas), sendo os outros modelos (TV-2, TV-3, TV-10) mais raros. A maioria dos testadores caseiros medem emissão enquanto os militares medem transcondutância, dada a necessidade de testes confiáveis e mais precisos. Quem quer estar no meio de uma guerra sem poder usar o rádio porque não consegue achar uma válvula problemática graças a um testador ruim?

Pois bem . o TV-2 é um excelente testador, pois permite medir todos os parâmetros individualmente em cada teste de válvulas, graças aos seus medidores individuais. É um testador bem raro aqui no Brasil, mas recebemos um com defeito para restauração! Preciso confessar que este testador é lindo, uma beleza de se ver!

Recebemos este testador em estado de funcionamento desconhecido, sendo que seria necessário testar todas as funções de acordo com os testes de performance constante no manual de serviço que tínhamos em nossa biblioteca, a fim de avaliarmos todos os reparos a serem feitos.



Testador na condição em que nos foi entregue

Após uma análise técnica e uma inspeção visual, constatou-se vários problemas:

  • Lâmpada PILOT não funcionava;
  • Cabo de energia ressecado e quebradiço;
  • Faltavam parafusos da tampa;
  • Faltava a borracha de vedação ;
  • Haviam componentes faltantes e incorretos devido a uma tentativa de reparo mal sucedida realizada anteriormente;
  • O testador apresentava um curto interno, sinalizando curto entre-elementos mesmo sem nenhuma válvula inserida;
  • Os indicadores de tensão de HEATER, SCREEN, PLATE e SIGNAL mostravam valores incorretos
  • O indicador de de tensão de BIAS não funcionava;
  • Os capacitores eletrolíticos de fonte exibiam corrente de fuga muito alta;
  • Havia piche escorrido pelo interior do testador, sinalizando um possível aquecimento exagerado;
  • Vários resistores internos estavam fora de tolerância em mais de 50%;
  • Cabos de conxeão de placa ressecados.
Vamos tratar cada um dos problemas separadamente. Este post será longo!!

Lâmpada PILOT não funciona

Este aqui foi fácil! O soquete da lâmpada se quebrou. Como é um soquete comum para lâmpadas baioneta, substituímos por um novo idêntico ao original e estava resolvido!

Cabo de energia ressecado e quebradiço

É um problema bem comum devido a idade deste testador, que está datado de 1957! O cabo foi trocado por um novo cabo PP de 3 vias, igual o original usado. Neste testador, a tomada é aterrada ao chassi.

Falta de parafusos da tampa

Este parece um problema bem simples não é? Acreditem se quiser, não é NADA SIMPLES conseguir parafusos originais para estes tesadores! Infelizmente não existe um padrão universal de parafusos e roscas, e a maioria destes aparelhos americanos antigos usa parafusos pouco comuns de se encontrar. Quem nos conhece sabe que somos super chatos na hora de restaurar os itens que recebemos, e teríamos de encontrar os parafusos originais! Por sorte, mantemos um estoque de parafusos antigos e encontramos exatamente o que precisávamos!

Falta da borracha de vedação

Originalmente, estes testadores vinham com uma borracha que rodeava toda placa onde esta se encaixa ao chassi. Estes testadores foram fabricados para serem usados durantes as grandes guerras, e precisavam resistir a chuva, lama, e outra intempéries. Por este motivo eram vedados a fim de impedir que sujeira entrasse para dentro do aparelho. Neste caso aqui, achar a borracha original de nada adiantaria, pois uma borracha com 60 anos já não estaria mais em boas condições e com boa flexibilidade. Ou seja, não nos restou opção senão confeccionar uma borracha nova, cortando-a a mão! Trabalho de artesanato...


Corte da borracha com as dimensões da original

Provavelmente a borracha original se ressecou. Como sabemos quem alguém abriu este tesador antes (faltavam parafusos, componentes internos, haviam claros sinais de reparos anteriores mal sucedidos..) acreditamos que a borracha original ressecou e foi descartada na remontagem. Mas agora temos uma novinha!

Componentes faltantes e incorretos

Durante nossos testes e análises, verificamos a falta de alguns componentes eletrônicos (principalmente resistores), além de alguns valores incorretos instalados na placa principal. Muitos dos resistores originais eram de precisão, pois no caso destes testadores TV-2, toda a calibração era feita através do uso de resistores de 1% no circuito. 



Imagens internas do testador, com componentes conforme foi recebido

Neste estágio, somente foram trocados e instalados os resistores incorretos ou faltantes. Mais tarde, iríamos conferir todos os resistores originais para garantir que estavam dentro de tolerância e assim prosseguir com a calibração do instrumento.


Testador apresentava um curto interno

Este é o pesadelo de qualquer restaurador de testadores de válvulas. Como vocês devem ter notado nas fotos anteriores, cada testador destes possui um incrível número de chaves e contatos, além de um enorme emaranhado de fios, o que confere a estes testadores grande flexibilidade, mas ao mesmo tempo, torna qualquer diagnose de curtos uma enorme dor de cabeça.
Primeiramente limpamos cada chave e cada contato com uma minúscula escovinha de dentista, embebida em limpa contatos 3M. Vale lembrar que não se deve NUNCA usar WD40 ou espirrar em toda a chave qualquer produto. Sempre se deve usar uma minúscula escovinha de dentista e limpar cada contato de cada chave um a um. É um trabalho de dias , mas é assim que deve ser feito.
Depois de feita essa limpeza inicial, prosseguimos seguindo TODO O CAMINHO de chaves e fios a fim de se localizar o curto. Gastamos 5 dias inteiros de trabalho, mas o curto foi diagnosticado como estando presente no soquete SUB-MINIATURE, que teria de ser trocado. Esses soquetes eram comumente usados em testadores militares e através de um rápido contato com nosso amigo Dan Nelson (a maior autoridade mundial em restauração de testadores) nos EUA, encontramos o componente, que teve de ser importado.

Soquete removido para troca


Indicadores de tensão de HEATER, SCREEN, PLATE e SIGNAL mostravam valores incorretos

Como este testador não possui ajustes internos para calibração, é óbvio que este problema só podia estar sendo causado pelos resistores de precisão que já estavam provavelmente fora de tolerância. Após checarmos TODAS as centenas de resistores,  e trocarmos todos os defeituosos por resistores novos de metal filme com 1% de precisão, todos os indicadores de tensão passaram a funcionar corretamente, exceto o de BIAS, que será discutido a seguir.



Novos resistores instalados


Indicador de de tensão de BIAS não funcionava

Mais um problemas grave. Ou melhor, gravíssimo! Depois de alguns testes, constatou-se que o problema estava no galvanômetro... que dever ser simplesmente raríssimo! Além disso, como havia falado, estes testadores eram a prova de choque, respingos de água, lama... e para suportar tudo isso, todos os galvanômetros são selado, sendo que o vidro é soldado (sim, soldado, pode-se soldar o vidro). Não há como se abrir o galvanômetro para reparo. Ou existe um jeito?
Bom, quem nos conhece sabe que não desistimos fácil! SEMPRE, SEMPRE damos um jeito rs... a primeira opção e a mais óbvia foi tentar abrir o galvanômetro, na esperança que ele pudesse ser reparado. Para isso, usamos um pequeno maçarico da Dremel, controlando o calor para não danificar nada e nem trincar o vidro!

Maçarico Dremel VersaFlame

Infelizmente a sorte não estava do nosso lado. A bobina do galvanômetro estava rompida, e sem dados precisos e equipamento para tentar enrolar uma nova, era um caso perdido. E agora?

Bobina do galvanômetro removida

Este é o momento em que usamos toda nossa rede de contatos internacionais para buscar ajuda! Primeiramente tentamos encontrar um galvanômetro novo com o Dan Nelson, mas ele não tinha nenhum, e ainda pior, não fazia ideia de onde conseguiríamos achar um substituto! Se o maior restaurador destes testadores no mundo não sabia onde achar essa peça, estávamos em sérios problemas! Com muita perseverança e muitos e-mails trocados, finalmente achamos uma pista através da Associação Internacional dos Colecionadores de Válvulas (a qual somos associados). O proprietário de uma pequena lojinha nos EUA parecia possuir uma peça desta, nova, ainda lacrada na caixa, e estava disposto a vendê-la para a Regence Áudio! Uhul!!!! Foi um momento de felicidade rs...

Novo galvanômetro de BIAS

Efetuamos a troca do galvanômetro e bingo! A tensão de BIAS medida estava corretíssima.


Troca do galvanômetro de BIAS


Capacitores eletrolíticos de fonte exibiam corrente de fuga muito alta

Nosso intuito, na Regence Audio, é sempre manter a originalidade ao máximo de tudo que recebemos. Todo capacitor eletrolítico e testado com nossa Ponte LCR e sempre que possível e seguro, optamos por reformar os capacitores originais ao invés de substituí-los por capacitores modernos. É importante deixar claro que isso só é feito se tivermos a certeza de que os capacitores originais ainda estão em plena integridade e são capazes de, após reformados, funcionar com performance igual a capacitores novos. No caso deste testador, todos capacitores passaram por nossos testes de integridade e puderam ser reformados com sucesso! A originalidade absoluta do fonte foi mantida.


Capacitores eletrolíticos originais foram mantidos

Piche escorrido pelo interior do testador

Usualmente o piche sinaliza um possível super aquecimento dos transformadores. O piche era comumente usado nestes aparelhos a fim de evitar que líquidos entrassem nos transformadores de força e os danificassem. No entanto, o piche é um líquido (sim, um líquido) muito viscoso, que sob temperaturas um pouco mais altas, torna-se menos viscoso acaba escorrendo e fazendo bagunça...


Piche

Optamos por testar ambos transformadores, todos os taps de saída. Tudo estava dentro de tolerância, então, foi feita uma limpeza geral e o problema estava solucionado!


Resistores internos estavam fora de tolerância

Este problema foi sanado quando medimos todos os resistores para a calibração do aparelho, durante os reparos das tensões de HEATER, SCREEN, PLATE e SIGNAL.

Cabos de conxeão de placa ressecados

Os cabos de conexão por garra jacaré estavam ressecados e foram substituídos por posts banana, mais modernos, seguros e fáceis de se usar. Esta é uma modificação que foge do original, mas é recomendada principalmente por segurança. Estes cabos ficam soltos sobre o testador e durante os testes, apresentam tensões superiores a 250V. Eram usados desta forma porque, apesar do riso a segurança, cabos fixos eliminavam a chance de serem perdidos. Imagine você, no meio de um campo de batalha, tentando achar aquele cabinho necessário para testar uma válvula? Agora imagine perdê-lo e ficar sem rádio porque seu testador não servia para nada? Pois é, para o uso militar estes cabos tinham de ser fixos. No uso diário hoje, sempre recomendamos a troca por plugues banana, pois um choque neste caso pode ser fatal.

Cabos ressecados

Últimos reparos

Por fim, tudo foi conferido, limpo e remontado. Como se sabe, encontrar galvanômetros para estes testadores é quase impossível, e devemos fazer de tudo para impedir que os mesmos se danifiquem. Um truque muito usado para isso é a instalação de diodos ligados em anti paralelo em todos os galvanômetros que operam com tensões de poucos milivolts.


Diodos de proteção para galvanômetros

Finalmente todas as válvulas internas foram checadas uma última vez, válvulas extras foram instaladas na parte interna e a caixa foi limpa. Uma válvula 6L6 foi usada para confirmar o correto funcionamento.



Fase final de montagem e testador em funionamento

Ufa, esse deu um trabalhão! Mas ficou lindo e perfeito! Tenho certeza que poderá ser usado por muitos anos sem qualquer incidente!

Testador pronto para mais 60 anos de serviço

É isso pessoal, mais uma restauração bem sucedida! Em breve mais novidades :)

Happy testing!



terça-feira, 14 de julho de 2015

Momento DIY - Caixas Open Baffle Electro Voice

E agora uma postagem um pouco diferente... desta vez resolvemos criar uma caixa DIY Open Baffle, usando componentes famosos da Electro Voice.

Sempre li sobre as caixas Open Baffle pela internet e sempre tive curiosidade de ouvir um par. Como gosto de me aventurar fazendo tudo eu mesmo, decidi que talvez fosse hora de fazer minha primeira caixa Open Baffle.

Antes de começar, tive que comprar algumas ferramentas rs... percebi que precisaria de uma tupia, para fazer o rebaixo do falante! Caixas Open baffle são simples de serem feitas, mas é necessários fazer cortes precisos e um rebaixo bem acabado.

Os falantes escolhidos foram da década de 60:
  • Electro-Voice SP15 Woofer
  • Electro-Voice T350 Tweeter
Os tweeters T350 são considerados, nada mais nada menos, que os melhores tweeters de todos os tempos! Se não acreditam, basta pesquisar na net e acharão milhares de informações e reviews. Como não poderia deixar de ser, infelizmente os T350 são um tanto quanto raros e acredito existirem poucos exemplares no Brasil, sendo que a maioria está em SP, na casa de alguns amigos nossos.

Para a confecção da caixa, usou-se MDF de 21mm e o primeiro passo foi fazer o corte e o rebaixo do Woofer:


Corte e rebaixo para o Woofer

Em seguida, foi feito o corte para o tweeter T350 e foram instalados os pés e abas laterais ajustáveis, com dobradiças. Uma proteção também foi confeccionada para os woofer SP15, usando-se tecido ortofônico e fita de cobre:

Montagem dos componentes

 O corte para a instalação do tweeter T350 foi feito usando-se uma serra tico-tico:

Corte para tweeter T350

Agora que já temos a caixa neste estágio, partimos para as audições e a confecção e ajuste do crossover. Foram muitas horas agradáveis de audição para se chegar ao projeto final. Na foto a seguir a caixa já encontra-se tocando. É possível ver também que já foi dado o acabamento final nas abas laterais.

Audições preliminares

Em seguida foi instalada uma tela frontal com tecido ortofônico e dado o acabamento final a toda a caixa.

Acabamento final

Agora era só ouvir por muitas horas e aproveitar! As caixas ficaram muito bonitas e a sonoridade é única. Percebo porque caixas Open Baffle se tornaram tão populares... é uma questão de paixão: ou você ama ou as odeia! Eu confesso que apesar de terem graves menos pronunciados e precisos, a reprodução de vocais é simplesmente deslumbrante!


Caixas prontas e tocando em nosso espaço!

Por enquanto é tudo pessoal! Grande abraço e vamos ver se não fomentamos o DIY em áudio neste nosso País!


Amplificadores General Electric A1-300 de 1954

Olá pessoal! Na correria, o blog acabou ficando sem novas postagens, mas continuamos nossos trabalhos e agora é hora de mais uma restauração!

Dessa vez temos um amplificador GE A1-300, de 1954. Estes pequenos amplificadores têm grande fama entre os orientais e eram usados em cinemas durante a década de 1950. Produzem pouco mais de 10W e são mono, ou seja, precisamos de dois para audição em estéreo.

 Antes

 Depois

Depois

Neste par foi feita uma limpeza e a troca de todos componentes fora de tolerância. Infelizmente perdi algumas das fotos, que mostravam a parte interna e os aparelhos terminadas, já com as válvulas e grade protetora.

Depois de instaladas as válvulas organizamos um evento para ouvirmos estes amplificadores ligados a um par de caixas ALTEC 612A, em conjunto com um pré McIntosh C20. Apesar de pequenos, posso afirmar que a sonoridade deles é absolutamente fantástica. Todos ficaram espantados com a maciez e suavidade com que tocaram. Pena que são tão raros, e poucos terão na vida a oportunidade de ouvi-los ou de possuir um par destes.