Mullard (ECC83) 12AX7 e reemissão tubos de comparação
Mullard Original ECC83 (12AX7) à esquerda e versão moderna à direita
O Vidro
A primeira parte que vamos analisar na válvula é o vidro. 

Mullard ECC83 (12AX7) e reemissão tubos de comparação
Medição da espessura do invólucro de vidro da Mullard ECC83.
A primeira medição foi feita com a Mullard NOS antiga. Seu vidro possui uma espessura de  0,0275".
Mullard ECC83 (12AX7) e reemissão tubos de comparação
Medindo a espessura do vidro na Mullard moderna.
A versão moderna mediu exatamente 0,04", ou seja, possui um vidro mais grosso que o originalmente usado pela Mullard.
No geral, o vidro não diz muito sobre uma válvula. O getter mais pesado na versão moderna, em contato com o ar, demorou mais tempo até desaparecer. O vidro mais espesso provavelmente é necessário para atender a algumas normas de segurança modernas, e não tem nada a ver com a sonoridade da válvula. O único benefício que eu posso pensar é um possível aumento da durabilidade em termos de abuso físico.

O Getter

O getter é a parte prata no tubo. Não tem muito a ver com a sonoridade, mas serve para aprisionar pequenas moléculas de ar dentro da válvula, mantendo seu vácuo. 
Mullard (ECC83) 12AX7 e reemissão tubos de comparação
Getter da Mullard antiga mostrado à esquerda e a reedição do lado direito.
O Mullard antiga tem um getter típico, conhecido como um getter halo. Este getter está ligado a um suporte vertical de cobre, o qual está montado na aba lateral da placa.
O getter na Mullard moderna não se parece com o original, se parecendo mais com um pires do que com o anel da Mullard antiga. É montado em dois fios bem finos.
Mais uma vez, o getter não influencia diretamente na sonoridade da válvula, a comparação aqui é apenas a precisão com que o fabricante moderno copiou as verdadeiras válvulas Mullard. Claramente, não foi dada atenção ao estilo do getter.

Micas

As micas são os círculos esbranquiçadas no topo e no fundo da placa que seguram a estrutura da válvula no lugar e contra o vidro. Em relação à sonoridade, a mica controla a probabilidade da válvula se tornar microfônica (que também é afetada pelo tamanho da placa). Queremos aqui, novamente, comparar a precisão na qual foi feita a cópia na válvula moderna.
Mullard ECC83 (12AX7) e reemissão tubos de comparação
Medindo a espessura da mica na Mullard antiga
A mica da Mullard antiga mede 0,020" de espessura, é redonda com 8 pequenos "braços" que a seguram no lugar contra o vidro, oferecendo oito pontos de contato [Nota do editor: todas as micas Mullard antigas são feitas como esta, tanto quanto eu sei] para estabilizar a estrutura das placas na válvula. A mica de baixo novamente mede 0,020" de espessura e também tem 8 pontos de contato. No total há 16 pontos de contacto com o vidro, todos espaçados uniformemente em torno da circunferência da estrutura.
Mullard ECC83 (12AX7) e reemissão tubos de comparação
Medição da espessura das micas
Na válvula reedição moderna, a mica superior mede 0,017" de espessura e tem formato 'quadrado arredondado', proporcionando 4 pontos de contato com o vidro (os cantos). A mica do fundo, medindo 0,021" de espessura, possui a mesma forma, alinhada com a mica superior, proporcionando mais 4 pontos de contato, porém eles são diretamente em linha com a mica superior, em oposição à configuração alternada da Mullard antiga.
A principal função das micas é o suporte da estrutura da válvula, impedindo-a de movimentar-se dentro do invólucro de vidro. É evidente que as Mullard antigas possuem um projeto muito superior ao usado nas Mullard modernas, oferecendo o dobro de pontos de contato, todos os quais foram igualmente espaçadas ao redor do perímetro da válvula. A microfonia é muito mais provável na reedição devido ao seu projeto ruim.

Análise Top-Down

Depois de retirar a mica superior (algo mais fácil de dizer do que fazer) é possível olhar diretamente para dentro da estrutura de cada metade da válvula. Isto faz com que seja possível ver o espaçamento  entre elementos internos e outros aspectos da concepção que podem afetar o desempenho da válvula e de sua sonoridade de maneira muito significativa.

Mullard ECC83 (12AX7) e reemissão tubos de comparação
Vista do alto - Mullard ECC83 antiga mostrada à esquerda e a reedição do lado direito.
A primeira coisa que observamos é que o grid da Mullard antiga é apoiado em dois suportes de cobre, muito precisamente localizados ao redor do catodo de forma a ficarem extremamente perto, mas sem tocá-lo. O catodo é perfeitamente redondo . As placas têm um recorte bem definido.

Em comparação com a Mullard antiga, a reedição é mal construída, para dizer o mínimo. O fio de grid é suportado por dois postes metálicos e o catodo é oblongo e torto. 

No geral, é claro que, internamente, os componentes das Mullard antigas são de melhor qualidade do que a reedição, que parece barata e mal projetada. As diferenças aqui serão exploradas mais tarde, com a análise aprofundada das placas, grids e catodos.

As placas

As placas são a principal parte visível do lado de fora da válvula, e são elas que recebem os elétrons emitidos pelo catodo. Sua qualidade afeta bastante o desempenho e longevidade da válvula.

Mullard ECC83 (12AX7) e reemissão tubos de comparação
Placa da Mullard antiga à esquerda e reedição à direita
As placas das Mullard antigas são extremamente consistentes. As metades são cravadas juntas, dobradas, e tem duas abas na parte superior e inferior que as montam às micas. Têm uma espécie de projeto "escada". O material mede 0,0042" de espessura e, internamente, as medições são aproximadamente 0,1335" por 0,2550". As metades são bem unidas, e tem um pequeno furo (0,064" de diâmetro) na lateral para ventilação, presumivelmente.
A estrutura das placas da válvula reedição foi mais difícil de sere removida da mica inferior do que na Mullard antiga, mas as melhorias terminam por aí. O interior da estrutura da placa é completamente retangular, sem nenhum dos entalhes da Mullard antiga. O material possui 0,006" de espessura, mas mostra sinais de danos provocados pelo calor sobre a superfície interior. O revestimento da placa também é muito menos robusto do que na Mullard antiga. As duas metades da placa estão afixadas contra dois suportes verticais que fixam as placas às micas. As dimensões internas são aproximadamente 0,1379" por 0,2641".
Em geral, as placas da válvula reedição são quadradas e muito simples em comparação com as placas das Mullard antigas. Como a modelagem precisa da placa afeta muito a sonoridade, o desempenho das válvulas modernas será inferior ao das antigas.

O Grid (Grade)

A grade é a porta de regulagem do fluxo de elétrons do cátodo para as placas, controlando o áudio. A qualidade da grade é muito importante para o funcionamento e sonoridade da válvula.
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Grade da Mullard antiga à esquerda e moderna à direita
As grades das Mullard antigas são suportadas por duas hastes de cobre e feitas de um fio extremamente fino enrolado em torno destas hastes (0,0015"), de uma maneira muito uniforme, com não mais do que a espessura de um fio entre quaisquer dois fios vizinhos. O fio é soldado ao longo do comprimento de ambas hastes de uma maneira uniforme. Apesar de ser feito com um fio muito fino, a estrutura é bastante rígida.
A grade da válvula reedição é suportada por pequenas vigas metálicas, presumivelmente feitas do mesmo metal como todos os outros componentes metálicos na válvula. O fio não é enrolado ordenadamente e uniformemente, e mede 0,0015" de espessura. Há mais espaço entre os enrolamentos do que na Mullard antiga. A grade também parece muito mais frágil do que na Mullard antiga.
Em geral, a grade é uma parte muito importante da válvula, funcionalmente e em termos de sonoridade. Enquanto a Mullard fez um bom trabalho em seu projeto, a grade da reedição não faz jus à válvula antiga em termos de rigidez e precisão do enrolamento. O fio ligeiramente mais espesso da grade da reedição também irá adicionar capacitância à grade, afetando o desempenho da válvula e sua sonoridade.

O catodo

O catodo emite os elétrons que mais tarde são apanhados pela placa (após regulação por parte do grid) para amplificar o sinal.
Mullard ECC83 (12AX7) e reemissão tubos de comparação
Catodo da Mullard antiga no topo e reedição na parte de baixo
O catodo da Mullard antiga é perfeitamente redondo, com um espesso revestimento. Ele mede 0,0319". Para um tubo de metal tão fino fino, é novamente muito forte.
O catodo da válvula reedição é oblongo, com um revestimento relativamente fino. Possui 0,035" de largura sobre o eixo menor, e 0,048" de largura no maior. A parte superior do catodo é fechada, presumivelmente para reter o calor. O material em si possui 0,011" de espessura.
Em geral, o catodo da reedição não chegou nem perto da qualidade da Mullard antiga. 

O Heater (aquecedor)

O Heater reside no interior do cátodo, aquecendo-o e provocando a emissão de elétrons. O heater não tem muito efeito sobre a sonoridade de uma válvula e este será o último componente a ser examinado em detalhe.
Mullard ECC83 (12AX7) e reemissão tubos de comparação
Heater da Mullard antiga à esquerda e reedição à direita
O 'flash de luz' clássico das Mullard antigas é devido à menor resistência do heater quando frio. O aquecedor é praticamente um pedaço de arame com um revestimento eletricamente isolante sobre ele (para que ele não entre em curto com o catodo).  O fio em si tem um diâmetro de 0,0059" e, com o isolamento, 0,0105".
Na reedição, cada triodo recebe um fio de cerca de 1 3/8" de comprimento. O fio em si tem um diâmetro de 0,002" e, com o isolamento, 0,0110".
Os heaters não são muito diferentes em ambas versões.

Mullard (ECC83) 12AX7 e reemissão tubos de comparação
Aqui estão ambas válvulas com um de seus triodos removidos
O resultado final da comparação é bastante claro quanto à exatidão da chamada "Mullard Reedição". Vou ficar com a minha válvula NOS!

Nota Final do editor

Me pergunto se a New Sensor (detentora da marca Mullard nos dias atuais) comprou a marca meramente para fins de marketing, sem a real intenção de criar uma reprodução autêntica das Mullard antigas. Entristece-me que eles perderam uma oportunidade fantástica para honrar o  glorioso nome Mullard e todo seu legado - todas as pessoas, os engenheiros, cientistas, químicos, desenhistas, técnicos e funcionários que trabalharam tão arduamente para fazer válvulas com uma excelente qualidade ao longo das décadas. A Mullard foi uma grande empresa britânica, uma instituição de pesquisa que estava constantemente se esforçando para melhorar e desenvolver a tecnologia de válvulas. Eu sinto que isto é o que falta hoje na fabricação das válvulas modernas - a vontade de melhorar e alcançar o melhor absoluto em termos de materiais e design. Tenho certeza de que não sou o único que está desapontado e desencantado. Eu adoraria ver boas reproduções de boa qualidade de válvulas antigas, mas até que um fabricante perceba isso, não haverá substituto para a tecnologia da década de 60.