quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Toca-discos Garrard 401

    Mais uma raridade que apareceu por aqui!

    Desta vez foi um Garrard 401, que estava com muitos problemas. A base não estava pintada, não tinha braço nem cápsula, o motor não rodava, e o eixo do prato estava empenado. É uma pena ver um excelente toca-discos como este neste estado. Algo tinha que ser feito!
 
    Primeiramente, todo o toca-discos foi revisado. Completamente desmontado, tudo foi limpo e lubrificado. O motor voltou a funcionar perfeitamente, porém, o controle de velocidade não funcionava. Os Garrard antigos (301, 401...) utilizam um sistema de freio magnético para controle da velocidade: o ímã estava fraco e teve de ser trocado. Pronto! O toca discos funciona perfeitamente agora.

    Em seguida, a base foi pintada e uma nova tampa em acrílico transparente foi cortada a laser. O braço escolhido para uso neste toca-discos foi um Ortofon 212, encomendado dos EUA. A cápsula escolhida foi a Ortofon SPU GT, para que não fosse necessário o uso de um pré com entrada moving coil.

   Só faltavam agora os ajustes do braço... e é nesta fase que foi tirada a foto que vemos abaixo. Dá até pra ver a balança digital de precisão próxima ao aparelho.




    Por fim tudo foi testado e... uhu! Mais um aparelho pronto para devolução. Tudo funcionava a contento e a sonoridade... só mesmo ouvindo um Garrard destes para entender!




quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

JBL 4350

    Esta é uma caixa que todo audiófilo sério deveria ouvir na vida! As JBL 4350 foram largamente empregadas em estúdio e possuem uma sonoridade ímpar.
    Fui chamado para analisar um par destas caixas cuja sonoridade não estava atingindo as expectativas, mesmo com um conjunto de amplificadores e prés valvulados de enorme qualidade. Isso me indicava que talvez existisse um problema no crossover ou em um dos falantes e drivers, e tudo deveria ser analisado.
    Nestes casos, o que usualmente faço, é testar cada um dos drivers e falantes com um analisador Thiele-Small, como o DATS. Além disso, sempre faço uma análise mecânica dos alto-falantes, e testo a resposta dos crossovers com um analisador de áudio, como o Agilent 8903B. Para caixas JBL, existe um segredo que muitos não sabem: a JBL alterava continuamente ao longo dos anos seu padrão de polaridade dos falantes, e isso precisa ser verificado para confirmar que um desavisado não ligou incorretamente algum driver. Por fim, costumo fazer uma análise em tempo real com um RTA e microfone omnidirecional para me certificar que tudo funciona. Algumas raras vezes, é necessário desmontar os drivers para garantir que diafragmas e componentes são originais.


   Como a foto ilustra, toda a caixa foi desmontada e verificada. Os crossovers estavam OK, todos falantes e drivers em perfeito estado, e o estado geral da caixa era muito bom... mas havia um problema! Como era de se esperar, alguém havia desmontado estas caixas anteriormente e não sabia que alguns dos drivers usados pela JBL possuem polaridade reversa. Resultado: os falantes estavam conectados de maneira incorreta em ambas as caixas. É claro que a sonoridade iria deixar a desejar devido a problemas de fase.

    Tudo reconectado de maneira correta e... as caixas tocaram lindamente! Mais um par de raridades reparadas e prontas para serem apreciadas.

CD Player e DAC EAD - Enlightened Audio Designs

    Tive em minha bancada esses dias um conjunto de aparelhos sensacionais: um transporte EAD com seu respectivo DAC DSP7000 Series III. Estes aparelhos eram usados como fonte em um sistema bi-amplificado composto por:

Pré-Amplificador: McIntosh C22
Power de graves: McIntosh MC-60 x2
Power de médios: McIntosh MI-75 x2
Caixas Acústicas: JBL 4350

    Subitamente os EAD deixaram de funcionar, e por este motivo chegaram até minhas mãos. Posto abaixo algumas fotos dos aparelhos desmontados.

Transporte EAD

DAC EAD

    O transporte usa uma unidade ótica Pioneer PEA1179.

    Após alguns testes, foi comprovado que não haviam problemas no transporte, apenas no DAC. A foto acima mostra os capacitores eletrolíticos de fonte muito próximos a alguns dissipadores de reguladores de tensão (para as tensões de 5V, +12V e -12V). Como estes dissipadores alcançam altas temperaturas, os eletrolíticos usados deveriam ter uma classificação de temperatura mínima de 105C, mas este não foi o caso. Usaram para montagem capacitores de 85C, que acabaram vazando e interferindo seriamente nos valores de ripple lidos nas tensões da fonte.

    Todos os eletrolíticos danificados foram trocados, um relé de saída com mal contato foi reparado, todos contatos, soquetes e conectores foram limpos e os aparelhos foram testados e entregues. Mais um conjunto resgatado e restaurado!

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

EV Electro-Voice 12TRXB e as Caixas Aristocrat

    Esses dias recebi um par de drivers EV 12TRXB, vindos de uma caixa Aristocrat. Essas caixas tocam lindamente com valvulados, mas no caso dos drivers que recebi, não tocavam nada... um dos tweeters destes drivers coaxiais estava com problemas (o tweeter dos falantes 12TRXB nada mais é que um T35).

    Entrei em contato com alguns conhecidos nos EUA (falei inclusive com Bob Crites) e recebi a triste notícia de que seria 'impossível' desmontar este falante e tentar reparar o tweeter. Adoro quando me dizem que algo é impossível, pois é o que me motiva a conseguir fazer o trabalho!!

   Primeiro, com muita paciência desmontei do driver sem danificar o cone ou qualquer componente, e removi o tweeter. Esse driver usa diafragma de 16ohms.
Segundo o Bob, centralizar o reparo será impossível! Mas novamente, adoro um desafio!

   Já encomendei os reparos e o falante está guardado esperando as peças para continuarmos a saga! Nunca vi na web fotos deste falante sendo desmontado, portanto, posto abaixo fotos para referência futura de algum outro corajoso que queira se aventurar em reparo parecido.







quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

QUAD II no lixo!

    Estive pensando um pouco a respeito do que postar nos próximos dias e resolvi começar a postar restaurações e alguns trabalhos que tenho feito ultimamente.

    Minha intenção é postar muitas fotos e tentar incentivar aqueles que nos acompanham a restaurar seus itens vintage. Infelizmente, no Brasil, não temos uma cultura vintage como lá fora (Japão, Europa). Temos algumas raridades por aqui, porém, devido à falta de cuidado e desconhecimento de muitos, a maioria destas raridades acabam se perdendo e indo parar no lixo.

    Um conhecido meu encontrou 4 amplificadores valvulados Quad II com um catador de sucata, prontos para serem vendidos no quilo pelo metal, aqui em Belo Horizonte. Por sorte, conseguiu salvá-los! Mas nem sempre este é o destino de grande parte destas raridades vintage. Já vi há algum tempo falantes ALTEC serem descartados por necessitarem de um cone original novo... cone este que pode ser facilmente obtido.


    Então, pessoal, mãos à obra!!

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Foto de nosso atual sistema valvulado vintage

Espero que gostem!



Regence Audio Valvulados - www.regenceaudio.com

Porque usar um sistema Hi-End vintage valvulado?

Uma pergunta com a qual frequentemente nos deparamos é: 'Porque usar um sistema Hi-End vintage valvulado?'

Em nossa opinião, o conceito, projeto e construção de equipamentos de áudio modernos e vintage são absurdamente diferentes.
Vamos começar falando a respeito da vida e do cotidiano dos anos 40 e 50, o início da era Hi-Fi. Nesta época, a vida cultural relacionada a música consistia basicamente em concertos ao vivo, e o uso de amplificadores e sistemas de processamento de sinais praticamente inexistia. Neste período, o que se ouvia eram os músicos e seus instrumentos, sem qualquer outra variável que pudesse interferir naquilo que era ouvido em uma performance ao vivo. Além disso, a ida a concertos era frequente, e como consequência, as pessoas treinavam seus ouvidos à sonoridade da música em seu estado natural.

Nesta época, não se dispunha de sistemas e equipamentos de teste automáticos como se dispõe hoje. Não era possível medir deterministicamente e com grande precisão valores de distorção harmônica e energia espectral, além de inexistir a teoria de Thiele-Small para caracterização e projeto de caixas acústicas e alto-falantes (a qual só surgiria em 1961).  Não era possível projetar e testar um sistema Hi-End por completo em bancada, utilizando-se instrumentos de medição, como hoje é feito. Era preciso usar algo diferente para se testar os amplificadores, prés e caixas acústicas...

E o que usar então, já que inexistiam sistemas de teste e teorias modernas que suportassem as medições e o projeto destes equipamentos Hi-End vintage valvulados?

A resposta é muito simples: tinham de usar os ouvidos. E faz sentido, afinal, este era o melhor equipamento de medição disponível! Mas não apenas isso... era exatamente com este instrumento que o cliente e usuário dos equipamentos Hi-End também mediria a qualidade da música sendo reproduzida.

Saul Marantz (MARANTZ) era grande adepto desta metodologia. Durantes seus primeiros desenvolvimentos valvulados, todos os equipamentos eram projetados utilizando uma ferramenta excepcional de medição: seus ouvidos! Ouvidos treinados e acostumados à vida cultural da época, com frequentes idas a concertos ao vivo. E seus clientes e usuários não eram diferentes: também já estavam com seus ouvidos treinados e bem acostumados ao som ao vivo, e esperavam ter a mesma sensação ao ouvir uma gravação em suas salas. Saul e inúmeros outros projetistas da época sabiam disso.

Na Regence Áudio, acreditamos que sistemas vintage valvulados possuem uma sonoridade muito característica e admirável. A dinâmica dos sistemas impressiona quem ouve e a explicação e esta: Estes aparelhos foram projetados tendo um único objetivo: reproduzir fielmente a música ao vivo.

Acreditamos que equipamentos de teste devam e precisam ser usados durante o projeto, é claro! Mas só isso não basta para se obter a perfeição na arte de projeto de equipamentos hi-end. Medições objetivas devem servir de suporte , a fim de se obter uma correlação entre aquilo que é medido e aquilo que é ouvido.

Abaixo, uma pequena parte de um texto publicado pela Stereophile em 2012 :

"The best vintage gear offers an abundance of musically agreeable qualities that are missing from even the best contemporary gear".

O artigo 'Top 5 Tube Amps' também traz comentários a respeito das qualidades dos sistemas vintage:

"Although modern amplifiers have a host of great features, many listeners feel these products cannot offer the same great sound quality as those from past decades. In particular, products designed from the late 1960s through the '80s are considered to be some of the finest pieces of electronics, and they are sought for their superior sound quality and overall construction. "

BEM VINDOS!

Estou criando este blog para ter um espaço onde posso descrever, elogiar e até criticar alguns equipamentos vintage valvulados com os quais temos contato diário! 

Como hobby, já há alguns anos trabalho restaurando estes aparelhos. Sempre senti que me faltava um espaço para postar fotos e dicas de algumas raridades que aparecem por aqui... pois agora não falta mais este espaço!

Sejam bem vindos ao blog Valvulados Vintage da Regence Audio